Todos os pilotos da Temporada 2016 em uma foto histórica.
Foto: Wesley Santos.
O Kartódromo Internacional de Granja Viana recebeu os pilotos da Paulista Kart League para a segunda etapa de 2016. O GP da Granja Viana seria o primeiro na história da liga a ter largada com grid invertido.
Muitos estavam ansiosos, “acho que será interessante, mas pode haver complicações”, comentou Alexandre Gregoski, piloto da Blue Turtle. Outros estavam animados “vou ter um puta trabalho hoje”, disse Silvério Reis, da Equipe Hot Rods, enquanto se encaminhava para o treino livre.
De qualquer forma o treino foi para poucos. Os pilotos mais desatentos entraram na pista com seus Crocs ambulantes – karts Parolin – e logo se depararam com uma descida que não era muito tradicional. O resultado foi que metade do grid rodou ao pisar muito forte no freio, para fazer a “nova” curva.
“Não observei a pista. Quando fui para as voltas de aquecimento de pneus, tomei a reta oposta para descer para o S e fazer a subida, mas o “S” era, na verdade, um “C” invertido. Mas já era tarde, tinha acelerado tudo e ia bater nos pneus de proteção. O reflexo foi frear... Então rodei... E nessa, muitos me acompanharam”, falou em entrevista o piloto Bruno Ratão (M2R).
“Eu quase matei ele!”, disse Ricardo Garcia, da Pé de Pano, durante a mesma entrevista. “Ele rodou e, para não acertar em cheio, passei reto.”, completou. “Isso não seria uma grande perda para a humanidade”, brincou o roedor.
O número de pilotos rodados e desaparecidos na curva foi tão elevado que obscureceu as notícias referentes à votação sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff nos diários paulistanos do dia seguinte.
Outra notícia que abalou o Brasil neste mesmo dia foi a presença de todos. TODOS! Não, vocês não estão entendendo... Eu disse TODOS os pilotos da temporada! “Nunca antes na história deste país” – diria o Molusco, ainda sem condução coercitiva ou Casa Civil – “e da PKL” – completaria eu – “ocorreu tal fato em uma etapa”.
A tensão da largada
Passado o aquecimento dos pneus e o sufoco das rodadas, os pilotos da PKL se posicionaram para a largada. “Era kart que não acabava mais, na minha frente”, comentou Dante Arnaes (SPP), vencedor da primeira etapa do ano, que largou na décima oitava posição do grid.
Rena Lombadero e Victor Marcolino largaram bem e mantiveram suas posições, enquanto Ralf Kronenbuerger, da #07 Bomba Bala, tracionou mal e perdeu sua posição para Fabio Ito e Daniel Mazotti, pilotos da No Name Yet, e também para Carlos Eduardo – a.k.a. Cadu (EHR).
Silvério Reis também não conseguiu tracionar durante a largada e Alexandre Gregoski se aproveitou, partindo da P8 e tomando também a P5 de Mazotti.
Largada ruim para Bruno Ratão, que caiu da P13 para a P17 antes da curva 1 e para Fernando Vivaldini, da Vaca H, que caiu da P9 para a P16; contraste com as ótimas largadas de Filipe Fernandes (VH), que ganhou cinco posições e foi da P16 para a P11, e de Henrique Sigoli (7BB), que pulou da P17 para a P14.
Parte da bagunça, ainda bem organizada, com os pilotos da meiuca.
Foto: Wesley Santos
Um pouco mais atrás, Fabio Ito tentou tomar a P3 de Cadu. O piloto da N2Y se colocou pela parte de dentro da curva 007 – licença para matar – para superar o piloto da EHR, mas foi igualmente superado por Gregoski, que se colocou ainda mais por dentro e tomou ambas as posições antes na curva 8.
Enquanto isso, André Medeiros (RBR) já se posicionava bem na pista e fazia uma ótima ultrapassagem na subida das curvas 5 e 6, ao se colocar por fora e ultrapassar nada menos que três pilotos na sequência, Vivard, Nascimento e Ralf. “Foi um belo triplo carpado por fora”, disse orgulhoso o piloto da RBR.
Mais atrás, o estreante Nicolas Smith, da JKR, tomou de assalto a P18 de Dante Arnaes na curva 1, enquanto seu companheiro de equipe e também estreante, Rodrigo Klaussner (a.k.a. Klauss) tentava fazer o mesmo e se mantinha lado a lado com o piloto da SPP, antes de recolher na curva 3.
O miolo da corrida
Alexandre Gregoski contornou melhor a subida para a reta principal e pegou o vácuo – sim ele pegou – de Victor Marcolino, para tentar efetuar a ultrapassagem antes da curva 1. O piloto da RBR freou mais dentro da curva e conseguiu defender sua P2, mas foi superado pelo gaúcho na subida para a curva 6.
“O Gregoski tem um fetiche por mim”, comentou discretamente o piloto da RBR. “Tô só de sacanagem”, retrucou Gregoski, e ainda completou, “gosto de ir dando totó na traseira dele”.
Alexandre Gregoski (BTR) assume a liderança. PKL-E02. T-2016.
Tempo: coloque em em 02:10.
Vídeo: on-board Alexandre Gregoski (BTR)
Bem... o piloto gaúcho-gremista-farroupilha partiu então sobre a liderança de Rena Lombadero. O piloto da M2R perdeu a traseira e Gregoski aproveitou para se aproximar – essas coincidências são muito estranhas – ainda na curva 2. Quando Rena Lombadero perdeu também a frente de seu kart na curva 4, o piloto da BTR assumiu a liderança da corrida.
Um pouco mais à frente, Henrique Sigoli efetuou uma bela ultrapassagem dupla sobre Filipe Fernandes e Fabio Ito, na subida da curva 5 para a curva 6. Logo em seguida, o piloto da 7BB entrou melhor na reta oposta e conseguiu suplantar também Daniel Mazotti, antes da curva 007.
Fábio Ito (N°21), da N2Y, ainda à frente do pelotão, mas destaque para Alexandre Gregoski (N°18), da BTR, que já se colocava bem na corrida.
Foto: Wesley Santos.
Da mesma forma, Fabio Ito contornou melhor a descida do “C” invertido e tentou tomar a P5 de seu companheiro de equipe, mas foi surpreendido antes por Filipe Fernandes, que conseguiu tracionar melhor, mesmo se colocando por fora da curva 8, para realizar a ultrapassagem e ficar com a P6.
Neste instante, o piloto japonês perdeu totalmente o traçado da curva e retornou, perigosamente, sobre as posições de Silvério Reis e Thiago Baptista, para melhor proveito de Ricardo Garcia, que conseguiu tomar a P7 do piloto da EHR.
“Não tive nenhum esbarrão... Foi tudo limpo... Mas a galera se esfregava sem mim...” comentou Ricardo Garcia, com certo ar de ciúmes por não participar do troca-troca entre pilotos na pista, sem qualquer contato.
Na confusão, Rafael Nascimento também se aproximou e tentou conquistar a P11 de Thiago Baptista, enquanto Silvério Reis não conseguia se defender do ataque de Fabio Ito. Rafael Nascimento conseguiu, contudo, se livrar rapidamente de seu companheiro na saída da curva 2 e tomar a parte de dentro da curva 007 para ultrapassar também o piloto da EHR e assumir a P10.
Bruno Ratão se aproveitou das disputas e se aproximou do pelotão. O piloto da M2R conseguiu subir rápido para a reta oposta e tomou de uma única vez as posições de Thiago Baptista e Silvério Reis.
“Porra meu! Eu estava na P6, depois cai pra P13, depois subi para a P8 e, então, cai para a P18... é foda... não consigo saber em que posição larguei, em que posição cheguei e nem se me deram impeachment! ‘Véio’ é uma merda, toma Gadernal e depois quer correr... isso não dá certo!”, comentou Silvério Reis, resumindo sua corrida.
“Quem for fazer o boletim... Quero ver resumir as três primeiras voltas”, brincou André Medeiros com os repórteres esportivos que acompanham o melhor do automobilismo. Aliás... “Toma André! Desafio proposto, aceito e cumprido! Tudo aí para você!”.
Desabafo feito, mas de qualquer forma vale conferir...
André Macmed (RBR) em plena disputa durante as primeiras voltas. PKL-E02. T-2016.
Tempo: assista desde o primeiro minuto.
Vídeo: on-board André Macmed (RBR)
Rafael Nascimento tentava ainda superar a posição de Fabio Ito, ao se colocar sobre a zebra da curva 12 para sair em ataque na curva seguinte. Na reta principal, ele conseguiu se colocar pela parte de dentro da tomada de curva, mas foi surpreendido quando Bruno Ratão conseguiu o vácuo e se colocou ainda mais por dentro para fazer a curva 1.
O piloto da M2R conseguiu assim superar a posição de ambos, enquanto Nascimento perdia a freada e Ito conseguia se manter por fora da primeira curva para contornar a curva seguinte e seguiu sua escalada tomando a P6 de Daniel Mazotti, enquanto Rafael Nascimento manobrava sobre Fabio Ito, até tocar a traseira de seu kart.
O incidente fez com que Mazotti saísse da pista e perdesse diversas posições e ocasionou uma advertência ao piloto da WRT. Bom para Fabio Ito que conseguiu manter sua posição e para Thiago Baptista e Dante Arnaes, que conseguiram tomar as posições de Rafael e de Mazotti.
Rafael Nascimento conseguiu, contudo se recuperar ainda na subida para a reta oposta e iniciou um novo ataque sobre Fabio Ito. No cotovelo da curva 4, o piloto da WRT fez uma trajetória mais aberta para tomar a P8 do piloto da N2Y na saída de curva.
Mais à frente, Filipe Fernandes já havia superado Henrique e Victor quando Rena Lombadero rodava na entrada da curva 9 e perdia varias posições. Fife partiu assim em perseguição a Alexandre Gregoski, que já havia disparado na liderança da corrida.
Enquanto isso, Ratão e André MacMed se aproximavam dos líderes e o kart de Henrique Sigoli quebrava. “Meu eixo dianteiro quebrou e fui obrigado a parar nos boxes”, comentou o piloto da 7BB, após o fato que lhe tirou diversas posições na corrida.
Pela primeira vez na história, Victor Marcolino fazia uma corrida consistente, e foi quando Ricardo Garcia se aproximou na subida para a reta principal, pegou vácuo e o ultrapassou na curva 1 e tomou a P3. Logo em seguida, Bruno Ratão conseguiu ultrapassar Victão em uma manobra semelhante.
Mantendo o bom rendimento de sua corrida, o piloto da M2R conseguiu se aproximar rapidamente de Ricardo Garcia, tomando o vácuo na reta principal e fazendo um trajeto interno na curva 1. O piloto da SPP não cedeu facilmente e pressionou o roedor para a parte interna da curva. Ambos ficaram lado a lado, mas Ratão conseguiu contornar melhor a curva e tomar a P3.
Nesse mesmo momento, André superava seu companheiro de equipe na reta principal e partia, logo, para o ataque sobre Ricardo. O piloto muçulmano tentou tomar de assalto a P4, mas Ricardo se manteve e recuperou sua posição na freada da curva 9.
André se manteve no ataque e conseguiu uma nova aproximação na saída da curva 3. Mas ao se colocar precipitadamente por dentro na curva 4, o piloto da RBR tocou a traseira do kart de Ricardo. Ambos diminuíram a velocidade e contornaram a subida lado a lado, até que André assumisse a quarta posição.
Ricardo Garcia começou a sentir falta de potência em seu kart e foi superado logo por Rafael Nascimento, que já havia ultrapassado Victor Marcolino. Contudo, a posição conquistada pelo piloto da WRT seria desconsiderada no resultado final, por meio da aplicação de advertência dos fiscais de pista.
Os metros finais
Bruno Ratão continuava rápido e cravaria a melhor volta da corrida, com o tempo de 0:53.660. “Ele estava muito rápido... Tentei acompanhar, mas não deu.”, comentou André Medeiros, parabenizando-o pelo ponto extra após a corrida.
Na mesma volta em que o piloto da M2R fazia seu melhor tempo, Filipe Fernandes rodava em uma tentativa de ultrapassagem sobre Alexandre Gregoski, na curva 3. “Não conseguia achar nenhum espaço e arrisquei demais”, declarou em sua entrevista coletiva, o piloto da VH.
“Quando vi o Filipe rodado, desacreditei... pensava que estava em quarto, mas vi que só havia o Gregoski na minha frente. Senti que dava para ganhar”, disse Bruno Ratão aos repórteres, “...mas a corrida acabou.”, completou. “Você viu a bandeira branca?” brincou Filipe Fernandes, “eu não”, finalizou.
Alexandre Gregoski (BTR) recebe a bandeirada enquanto a presidente recebia o sim pela família.
Foto: Wesley Santos
Alexandre Gregoski cruzou a linha de chegada e garantiu sua primeira vitória no ano, a segunda em sua carreira. “Comemorei e olhei para trás... Não vi ninguém... Me perguntei, cadê o Filipe?”, declarou o piloto da BTR, que não viu a rodada de seu adversário nem se incomodou com a presença de Bruno Ratão.